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Guarda-chuvas
Volta na praça
Shih-tzus variados
Merdas em sacolas no chão
Quanta educação!

Picolé de chocolate amargo
Cuidado com o carro
Trecho alagado
Prefiro gelato

Sabores de sempre
Atendentes simpáticos
Troco pelo crumble de maçã
Mesas vazias só amanhã

Chuva de Recife
Mãe e filha
Sentadas frente a frente
Chapéu UV no anoitecer

Guarda-chuvas lilás ou velho
Velcro trocado
Conversa ininterrupta
Como viverei sem você?

Busco emancipação
Gastos demasiados com saúde
Ou seriam doenças?
Remédios edificando uma prisão

Tenho certeza
De seu colo sempre
Mesmo com as críticas
Nunca me abandonará


Frustração refrescada
Como deixar de ser
Sem nem antes
Querer ter sido

Posição parida
Boa sorte na loteria
Porra de meritocracia!

Abandono emocional
Não sei onde me encaixo
Limbo familiar

Um não serve mais
Tesouro do outro
Muito além da reciclagem

Não importa o que fizer
Eu nunca teria te correspondido
Frustração refrescada

Ando pelas curvas
Sem ver o seguinte
Com apenas um objetivo

Não sei quando chegarei
Ou se lá vai mudar
Sigo meu próprio caminhar


Seremos e sejamos
Me sinto culpada
Por fazer o mesmo
Que você faz comigo

Fico triste
Queria contar com teu apoio
A conta já foi paga

Percebo a nova configuração
Rearrumada há tempo
Falta de percepção

Quando você mudou?
Percebi o movimento
Outras prioridades

Nem para seu casamento
Você me chamou
O que eu poderia dizer?

Você achava que podia morrer
Contou-me dias depois
Corpo já quente

Era tarde
Você decidiu partir
Em um cruzeiro reluzente

O detalhe do chocolate
Simbolismo do abandono
Chegou a hora

Você tem vergonha de mim?
Tem medo do que eu falo?
Como você se justifica?

Cansei de ouvir a mesma história
Sempre estarei presente
Independente

Nova narrativa
Cobra o correto
Receia a independência

Mais um grupo
Distanciado por aquele presidente
Como você consente?

Estourei minha cara na parede
Pedi sua ajuda
Adoeci

Olhos para que tens
Se não queres enxergar
Sempre esteve na sua frente

Não seremos como querem que sejamos
Não sejamos como tentam que seremos
Seremos e sejamos, apenas


Primeira vez
Quando eu te vi
Eu sabia que não era a primeira
Memória antiga
De um passado traumatizante
Salve as pessoas
Pelo menos, algumas

Um ao lado do outro
Sentados
Silêncio
Videoaulas
Cartões de memória
Futuro

A chuva desceu
Por um dia inteiro, insistiu
Mas, persistimos
Abre-se a porta
Estardalhaço motivado
Estávamos ilhados

Trocamos poucas palavras
Ambos com a voz baixa
Olhando pela grade
Os carros aventurados
Conforto no nada
Eu te conheço de algum lugar

Água na roda
Galocha vermelha
Eu fui
Você ficou
Caminhos novamente separados
Você também lembra de mim

Sonho acordada
Com o dia que serei realmente amada
Romântica renegada
Criatividade solta
Se não for com você
Pode ser com outro

Ou ninguém
Pois bem


Sua obrigação
Nunca estou satisfeita
Sempre quero mais
Tudo é uma grande desfeita

O sorrisinho do aceite
O print no stories
O próximo

Já foi
Já deu
Quando será suficiente?

Sou o mais exigente
Cobro
Resultados apenas positivados

Generosos humildes
Normalizam conquistas
Grandes egoístas!

Percebo
Mudo
Ainda não é o suficiente

Você não fez nada mais que sua obrigação
Quando vou entender
Eu sou meu maior líder de torcida

Jé Oliveira de Burgos nasceu em 1991 em Recife, Pernambuco. É escritore, historiadore e pós-graduande em Ciências Humanas. Se identifica como gênero fluido, não-binárie e queer (aceita todos pronomes). Também é neurodiverse e PCD. Em 2024, publicará os seguintes livros: “Camila: Aniversário a Três”, “Camila: Festival do Amor”, “Dragone” e “Oitenta”.

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