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Aventuras artísticas do viver

Na busca de me encontrar,
Por vezes me perco.
Na busca de ser mais,
Por vezes me esqueço.
Na busca por estar nos padrões,
Por vezes me reduzo.

Sigo tentando ser quem sou,
Em meio a um mundo de faz de contas.
Sigo correspondendo expectativas,
Em meio a conceitos efêmeros.
Sigo sempre me questionando,
Em meio à vivacidade da vida.

Há um mundo de possibilidades,
Na espera de serem experimentadas.
Há diferentes vivências,
Na espera de serem respeitadas.
Há diversas situações,
Na espera por atitudes singulares.

Sem aviso prévio, a modificação acontece.
Sem ensaios executados, desafios são impostos.
Sem permitir um replay, cada instante é único.
Sem pedir licença, acontecências se constituem.
Sem se esquivar, a vida se mostra e nos mostra.
Sem rodeios, sem roteiros, sem respostas…

Sentidos, sentimentos e sensações,
Atitudes, percepções e comportamentos,
Seguem construindo a minha essência,
Constituindo-se e reconstituindo-se,
A cada instante, em cada situação,
Seguem esculpindo a arte do viver

Entre cores, sombras e luzes,
Por entre pontos e superfícies,
Faço linhas e aumento os volumes,
Para formar elementos artísticos,
Para tocar ou ver minha aventura artística.

Me aventuro na arte da vida,
Na arte encontro movimentos,
Me perco em infinitas possibilidades,
Aprendo, errando, onde está a arte do viver:
Na aventura da busca incessante pelo Eu.

Outono

Permitindo o fluxo natural da vida,
Ele nos ensina o respeito.
Mostrando-se vulnerável diante das quedas,
Ele se mostra imperfeito.
E ao mesmo tempo brotando frutos.
Ele se mostra resiliente.
Tendo equilíbrio entre o tempo do dia e da noite,
Ele se mostra sábio.
Propiciando um clima ameno e colheitas,
Ele se mostra generoso.
Outrora, eu não havia percebido…
Outrora, ou apreciava o sol ou a chuva…
Outrora, outono, eu não ousaria dizer:
O quão sábios seríamos, se quiséssemos com você aprender!

Sentidos

Ouço vozes,
Capazes de me desconstruir.
Vejo pessoas,
Capazes de me invalidar,
Tateio cicatrizes,
Capazes de lembrar minha história
Sinto aromas,
Capazes de me trazer nostalgia.

São cinco sentidos,
Me lembrando a todo momento,
Do desafio de viver,
E de permitir que o “eu” se liberte.
Para ouvir além do que é dito,
Para ver além do que é visível,
Para tatear superfícies antes despercebidas,
Para exalar ares com purezas genuínas.

Contrastes

Há museus para resgatar memórias,
Mas há pessoas sendo esquecidas.
Há teatros contando diversas histórias,
Mas há histórias que não foram vividas.
Há shoppings para o consumo e divertimento,
Mas há crianças sem nenhum provimento.
Há indústrias de beleza ditando um padrão estético,
Mas há quem na ciência seja cético.
Há mansões luxuosas e gigantes,
Mas há lares ambulantes.
Há autoridades com o dever de administrar,
Mas há ambições difíceis de mensurar.
Há lugares, há pessoas, há subjetividades,
Mas há contrastes em todas as cidades.

Labirinto Social

Pessoas dormindo nas calçadas.
Pessoas amanhecendo sem trabalho.
Pessoas trabalhando precariamente desde a alvorada.
Pessoas encontrando nas drogas um atalho.

À procura de um novo contrato.
À procura de comida no prato.
À procura de dignidade.
À procura de fugir da adversidade.

Pessoas à procura de uma vida melhor.
Pessoas à procura de oportunidade.
Pessoas à procura de paz ao redor.
Pessoas à procura de expressar sua subjetividade.

Pessoas fugindo de perigo,
À procura de um ombro amigo.
Pessoas que nos encontros se perdem,
À procura de preencher vazios.

Sou uma dessas pessoas,
Só eu sei o quanto meu itinerário atordoa…
Sigo optando em colocar reticências,
Vez ou outra, ponho duplas aspas
Para destacar o melhor de minha vivência.
Ponho vírgulas, para fazer pequenas pausas.

Sigo nesse labirinto social,
Em meio às interrogações, sigo meu instinto.
Não reduzo com apóstrofos os percalços desse labirinto,
Me perco e me encontro, sem colocar ponto final.

Ana Laís Carvalho é nordestina, nascida no interior do Ceará. É entusiasta da literatura, fascinada pelo conhecimento interdisciplinar, pela natureza, por crianças e pelo comportamento humano, de onde extrai suas inspirações para a escrita. Administradora por formação, especialista em Educação Ambiental, estudante de Psicologia e Mestranda em Psicologia e Políticas Públicas pela Universidade Federal do Ceará.

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