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rede (anti)social

Um mar de conformismo
Entre ódios diversos
Boiamos
Sem apoio ou sustentação

Tente não afundar.


Curva fechada

Sentimentos grandes
Pesados
Esmagam
Quebram
Meus ossos partidos
As costas feito curva
Estrada oblíqua
Escorregadia
Desdobra-se
Por todos os anos que carreguei
E senti
Por todo o mundo.


Liberdade

Seu vestido voava ao vento, como asas de borboleta.
Ela estava livre, tão livre como nunca estivera.

Voaria para onde quisesse.
Talvez voltasse, talvez não.

Talvez aquela fosse a última vez que eu a visse.

Sorria segurando com leveza aquele seu vestido de asas de borboleta.

Então adeus
ou até logo.



Tudo aqui dentro são cacos

Me desculpe por tudo
Me desculpe
por ser como sou
Inseguro, infeliz, incoerente
Não sei mais o que restou
de mim.

Pedaços
apenas cacos de vidro
Um coração
e uma mente partidos
Áspero, seco, frio
Frágil, quebradiço, vazio.

Não chegue muito perto
vai se cortar
Tudo aqui dentro são cacos
Tudo aqui dentro
me faz sangrar.

Você se cortou
Não foi minha intenção
Eu tentei não te machucar
Mas falhei
Mais um caco pra coleção.

Ainda espero
um dia te encontrar
Quando não mais
que bra do
for.

Talvez nunca chegue esse dia
Talvez seja só um clamor
por uma vida diferente
Em que eu não fira
toda a gente.

Uma vida em que eu não seja
Apenas cacos de vidro
a
cu
mu
la
dos.


Ainda Estou Aqui

Ainda estou aqui
Quebrado
Despedaçado
Os pedaços partidos de alguém
Que a vida bateu sem dó

Ainda estou aqui
Cansado
Esgotado
Uma pilha de exaustão
Num corpo dolorido e pesado

Ainda estou aqui
Traumas
Transtornos
Diagnósticos perdidos e encontrados
Na reformulação de um novo amanhã

Ainda estou aqui
Remendando
Curando
Três décadas de desamparo e negligência
De vida dissidente, fora da norma

Ainda estou aqui
Apesar de tudo que passou
E do pouco que de mim restou

Estou aqui

Laila (ele/ela) é escritor, poeta, artista. É também uma pessoa não-binária, autista e TDAH. Formado em Design pela Universidade Federal de Santa Catarina e autor dos livros “Tudo Aqui Dentro São Cacos” e “Entre a inundação e a calmaria”, ambos publicados pela Editora Toma Aí Um Poema, Laila tem buscado deixar a sua marca no mundo através das palavras.

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