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Todos os dias, costumava limpava meu jardim, nele havia pés de alecrim, erva daninha, samambaias, moreias, logo, era um local cativante, preenchido com um pouco de verde mesmo que contendo uma seletiva quantidade de plantas, já que ainda estava sendo montado aos poucos, ao mesmo tempo era também um atrativo para bichos e insetos que dele se aproximavam.  Um certo dia, um lindo pássaro do qual não consegui identificar a espécie pousou próximo ao pé de carqueja, e ficou encima de uma grade de ferro, virando o bico para o lado e para o outro como quem fosse atravessar a rua, foi nesse momento, que resolvi deixar a vassoura de lado, esqueci a poeira, e concentrei-me a contemplar aquela ave, pensei: “veja, quão despojada está esta ave, você parece carregar em suas asas uma liberdade tão louvável e invejável.“ (suspiros) , mas por ventura, ouvi uma voz :

-Não se engane.

Tomei um espanto, com expressão de assombro, analisei ao redor do jardim para ver se havia alguém por perto, no entanto, em vão foi a procura, nenhum sinal de alguém naquele momento. Não acreditava no que acabara de ocorrer, na flor da idade e já encontro-me delirando, tendo alucinações, ao mesmo tempo questionando de onde surgiu essa voz, então tentei convencer-me por um momento de que foi impressão. Virei as costas para o pássaro e voltei a varrer quando novamente ouço a voz: 

– Nós aves temos preocupações, nos preocupamos em voar.

Esfreguei meus olhos, tive certeza que naquela altura, não estava devaneando, embora não acreditasse que um pássaro conseguia falar, mesmo assim, dei continuidade ao diálogo, falando:

-Adoraria ter apenas esse tipo de preocupação 

Ele riu baixinho consigo, e retrucou- voar e migrar em busca de alimento, um território com melhor qualidade de vida. 

– Achei que pássaros simplesmente voavam sem rumo. Na verdade, nem sabia que pássaros prosavam. 

Então ele respondeu: aqui falamos. Escute um conselho, minha cara jovem, nunca abrimos nossas asas e batemos voos sem antes planejarmos o território para qual desejamos migrar, pois escolher qualquer lugar, é decidir que quer chegar a lugar nenhum. 

– Mas permanecer onde conhecemos é mais seguro. Você, Sr. Pássaro não sente medo de se perder nessa busca por novos habitats?

– Sim, minha jovem, por isso é imprescindível traçarmos objetivos antes de buscar um lugar mais propício para nossas existências, claro que alguns de nós quando permanecemos por muito tempo no ninho aumentamos nossas expectativas de vida, mas não fomos feitos para viver para sempre na zona de conforto, não podemos esperar sempre alimentos caírem em nossos bicos, tampouco, não é à toa que nossas asas mediante o tempo vão crescendo e criando penas,  as vezes é necessário nos prepara para o voo e sair, ir em busca de alimento a fim de melhorar a qualidade de vida em outros territórios. É assim que migramos, indo em busca do novo, e o novo requer embarcar no desconhecido. Dito isso, gravei as cores daquela astuta ave, de coloração amarela suave com mistura de cores pardas, com uma enorme listra no topo da coroa também da cor amarela e um laranja destacado, e antes que ela voasse, consegui identificá-la, enfim pensei: bem-te vi, bem conversei.

Thais Andrade é estudante de letras e poetisa. Acredita que a escrita além de nos unir, ao universo do conhecimento, nos emancipa, nos traz novas percepções, nos molda e abre portas para trilhar o caminho da cultura, conhecimento e educação.

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