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Troco o disco da vitrola mais uma vez, antes das dez. Ney assombra os assombros do meu silêncio (do nosso silêncio); gritando à plenos pulmões seu sangue latino.

Fecho meus olhos e sinto,

Quero assumir os pecados. Todos. Sem qualquer urgência de ser perdoada ou esquecer.

(Des)juro minhas mentiras, ao passo que reconheço a verdadeira incógnita dos meus mistério; Ser muitas e me perder entre tantas.

“Minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos”

Engulo o vinho, saboreando com olhos fechados as minhas imperdoáveis escolhas. A solidão é fruto do apodrecimento da minha esperança. Mastigo-o. Tenho mortos que me acompanham pelas turvas estradas que sigo. Você sabe, perdi o medo de tê-los comigo.

E o que me resta, baby? De ti, solidão. Confesso-te que agora já não me incomoda a tua ausência, visto que após quebrar-me em mil fragmentos de mim, o que restou se fez forte, e como ponta afiada prefere e machuca, não sendo mais objeto de suas andanças.

Penso em ti uma vez uma vez mais antes que o disco finde e o vinho desfaça às palavras que desejo proferir aos teus sentidos. Uma única vez é o suficiente para enfeitiçar minha saudade com o aroma do teu perfume.

Trocando o disco por outro,
Entre o silêncio e a canção,
O amor sussurra sua tragédia.

Nascida em 20 de Julho de 1993, Carla Paiva é nordestina, mãe, professora e escritora. Publicou seu primeiro livro em 2020 pela editora Flyve “A quem o teu sentir afeta” e seu segundo livro, no ano de 2022, pela editora Folheando, “As sombras na sala de estar”; além de publicar periodicamente em revistas literárias.

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